Queridos colegas, trago informações sobre o ano que passou. Foi um tempo de crescimento para o Viva Rio. O orçamento chegou a 1,3bi, numa expansão de 26%. Passamos a 136 unidades sob gestão, o que implica 58% de crescimento. Cresceu em 14% o pessoal contratado CLT, para 13.426 em 2023, sem contar PJ. Foram cerca de 8 milhões de atendimentos e 1,6 milhões de usuários cadastrados e acompanhados pelas equipes de atenção primária. São números de porte que devem seguir crescendo, pois abrimos novas frentes de trabalho, no Paraná e no Ceará.
Em contraponto, um avanço formal relevante: Pedro Strozenberg, novo presidente do Conselho de Administração, liderou um processo estruturante. Chamou compliance, controle de riscos e ouvidoria para o âmbito do Conselho e trouxe o jurídico para mais perto. Medidas de fortalecimento e proteção da instituição.
A maior parte das novas unidades põe foco na complexidade relacional do cuidado. Assumimos a gestão de 19 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que respondem pela atenção pública aos sofrimentos mentais da população das Zonas Sul, Centro e Norte da cidade do Rio de Janeiro. Este é um desafio sem tamanho, que nos atrai, posto que exige aproximação e criatividade nos relacionamentos.
Incrível o chamado às vésperas do Natal para gerenciar um programa inovador com a população de rua do Rio de Janeiro. Busca ele integrar assistência, saúde, trabalho e renda, e habitação, num conjunto integrado pelo respeito às pessoas que deixaram suas casas e famílias e vieram a viver na rua. Mais que a caridade, pretende-se a restauração dos vínculos. Missão de risco que vale a pena arriscar.
Junte-se ainda as 28 unidades prisionais que assumimos. É missão menos complexa na teoria e bem mais na prática, dadas as condições brutais que a condicionam. Aqui fazemos o básico, que já é bastante, mas carecemos ainda da capacidade para encarar os problemas e achar as soluções nas prisões. O setor de segurança humana, que volta a ganhar corpo no Viva Rio, há de nos ajudar nesta seara.
Outro passo importante, melhor dizendo, “passinho”: abrimos uma clínica particular Viva Rio que escapa ao modelo OS. Mira a sustentabilidade, num serviço contratado pelo SUS. É paga, mas sem perder a missão. Fica no Canal do Anil, favela em Jacarepaguá.
A diversidade de gênero, de raça e a inclusão das PcD ganhou escala em 2023. São marcas do Viva Rio que nos distinguem. Seguimos com o Cuidando de Quem Cuida, na esperança de que cresça também em 2024. Noutro extremo, inevitável, abrimos as janelas para a Inteligência Artificial, arejando nossos processos.
Por fim, reafirmamos a tradição das entregas voluntárias. Foram mais de 1.067 doadores de sangue, na maior parte com o sangue bom das comunidades. Foram 15.471 doações de bens e serviços, incluindo 5.218 agasalhos, 112 colchões, 106 móveis, tonelada e meia de alimentos, 3.343 peças de roupa de cama, muitas mechas de cabelo e assim por diante.
O Viva Rio cresce, mas não perde o seu espírito. Tornou-se uma Empresa Social, procurada pelas oportunidades de trabalho e de serviço. Empresa sim, e sempre uma instituição confiável, merecedora de doações voluntárias. Vamos celebrar!
Rubem César Fernandes
Fundador e Superintendente Estratégico do Viva Rio