O núcleo de Ensino e Pesquisa do Viva Rio começou, no mês de julho, uma série de rodas de conversa sobre saúde mental, álcool e drogas, na sede da instituição em Ipanema, no Rio de Janeiro. O primeiro tema foi “Álcool e Drogas: experiências e inovações sob a perspectiva da saúde mental e redução de danos”. O encontro contou com a palestra do pesquisador e coordenador do Programa Institucional Álcool, Crack e Outras Drogas (PACD) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Francisco Inácio Bastos.
O professor e pesquisador contou sobre suas experiências com projetos no Brasil e com políticas de redução de danos em diversos países como Alemanha, Canadá e Portugal. Essa estratégia de saúde pública busca controlar possíveis consequências adversas ao consumo de psicoativos, lícitos ou ilícitos.
Para Francisco Inácio, é possível avançar na discussão sobre essa área, apesar de não ser fácil. “Não estamos lidando com uma área simples, livre de conflitos, mas as experiências concretas internacionais e algumas poucas nacionais mostram que é perfeitamente possível avançar. Basta entendermos que não é algo para ser resolvido do dia para a noite, mas é possível fazer um trabalho, foi o que mostrei com minhas experiências profissionais e de vida”.
Segundo o pesquisador, o melhor caminho para começar a trabalhar com políticas públicas para a área de álcool e drogas é o diálogo entre diferentes membros da sociedade e instituições.
“Temos que começar fazendo uma coisa que não está fácil: promover um diálogo entre as pessoas, sem eliminar as diferenças. Acho que esse é o início de tudo, entender que atores sociais e instituições, ainda que com finalidades diferentes, podem se comunicar. Uma roda de conversa como essa é um embrião de um diálogo que pode ser ampliado, basta que as pessoas estejam abertas para lidar com outras perspectivas.”
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021, o Brasil registrou mais de 400 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas e álcool. Por isso, para a integrante do núcleo de Ensino e Pesquisa e analista de informação do Viva Rio, Eliza Montalvão, tratar da relação desses assuntos é importante para que se construa políticas públicas adequadas.
“Saúde mental ainda é uma pauta muito negligenciada na saúde pública. É importantíssimo a gente falar sobre isso e trazer experiências de outros países em relação à política de redução de danos, que foi deixada de lado nos últimos anos, dando espaço à uma política de abstinência. Precisamos retomar a discussão sobre a política de redução de danos, além de reforçar a relação entre saúde mental e uso de substâncias”.
A roda de conversa contou com a presença de mais de 40 colaboradores do Viva Rio, de diversas áreas de atuação, além do Superintendente Estratégico e fundador do Viva Rio, Rubem César.